Visitando as comunidades com o padre-missionário
Entre as várias experiências que vivi na Diocerse de Santarém uma foi particularmente significativa: acompanhar Padre Rubinei, um jovem sacerdote que foi ordenado no mês de janeiro, em suas viagem de visitas às comunidades que acompanha. Com seus 30 anos e o entusiasmo de jovem padre cada dia percorre grandes distâncias de canoa, de voadeira, de moto, muitas vezes sozinho, outras vezes acompanhado por algum leigo fiel e generoso.
São 37 as comunidades da Área Pastoral a ele confiada, de diferentes dimensões e muito distantes uma da outra. Cerca uma vez por mês ele consegue alcançar seus fiéis, dedicando cada dia a uma visita missionária, saindo de manhazinha e saindo na estrada, nas pistas de poeira e com grandes poças, ou no rio, para alcaçar as várias populações que moram na beira dos rios. Que emoção chegar nas vilas e encontrar os leigos que já arrumaram a capelinha, limpado e organizado tudo para a Celebração daMissa, mesmo em dias de semana, porque a chegada do padre é um evento no povoado e, rapidamente a voz se aspalha: “Chegou o padre, hoje teremos Missa!”.
O grande território que Pe. Rubinei acompanha chama-se Santa Maria do Uruará, a 18 horas de barco de Santarém, e eu tive a grande alegria de visitar uma boa parte dela. Cada mês Pe. Rubinei percorre 310 km de moto e 9 horas de voadeira para visitar suas comunidades, para estar presente entre seus fiéis, encorajá-los na perseverar a comunidade cristã e administrar os sacramentos.
Encontros no Rio Purus
O Rio Purus é um dos inumeros afluentes do Rio Amazonas, se chega de Santarém somente de barco. Nas suas beiras vivem várias comunidades de pessoas, mais ou menos de 200/300 pessoas.
Eu também alcançei estas beiradas. O barco sai à tarde da cidade e de madrugada chega na boca do Rio Purus. Com minha mochila às 1:30 desci na canoa que estava-me esperando para levar-me na comunidade de Aparecida: Ageu, um jovem que já tinha conhecido durante um encontro, levou-me para a casa dele, uma palafitta no meio das outras, onde mora com os pais e seus sete irmãos. Chegando em casa, enquanto os outros dormiam, eu também ato minha rede no quarto já cheio com todos os irmãos e começo a dormir. Às 3:30 escuto Ageu que chama: “Eduardo acorda, vamos, está na hora de irmos a pescar.”. Eduardo é o irmão de 12 anos, eles são os únicos dois que trabalham agora, porque faz alguns meses que o pai tem problemas na coluna e não pode fazer esforços. A vida de Ageu é parecida com aquela de quase todos os jovens destas comunidades dos rios: ajudam a família que vive exclusivamente de pesca. De madrugada saem para retirar sua malhadeiras e depois de algumas horas voltam com o fruto de seu trabalho e às vezes com tristeza têm que dizer: “Hoje pescamos pouco, temos que sair de novo”. O escado é logo fervido e assado num barraco no fundo do quintal de madeiras que tem esta função particular, para manter a fumaça e o calor longe da moradia. Depois do longo trabalho Ageu e Eduardo almoçam de preça, tomam banho no rio e vão para a escola. Até dois anos atrás nestas comunidades só dava para estudar até a 4ª série, agora foram acrescentadas as salas até a 6ª e a 8ª, assim que Ageu e outros jovens, após anos de só trabalhar, voltaram para a sala de aula.



